segunda-feira, 3 de junho de 2013


http://www.filoczar.com.br/Richard.Dawkins.O.Relojoeiro.Cego.pdf
Há cerca de 3 milhões de células ganglionares na “interface
eletrônica", reunindo dados de aproximadamente 125 milhões de foto
células.
Na parte inferior da figura, vemos a ampliação de uma única
fotocélula, o bastonete. Ao examinarmos a elaborada arquitetura interna
dessa célula, tenhamos em mente o fato de que toda essa complexidade se
repete 125 milhões de vezes em cada retina, e que uma complexidade
comparável se repete trilhões de vezes por todo o corpo. Esse número de
125 milhões de fotocélulas corresponde a 5 mil vezes o número de pontos
de resolução de uma foto em uma revista de boa qualidade. As membranas
dobradas à direita das fotocélulas na ilustração são as estruturas
realmente responsáveis pela detecção da luz. Sua conformação em camadas
aumenta a eficiência da fotocélula na captação de fótons, as partículas
fundamentais que compõem a luz. Se um fóton não é captado na primeira
membrana, ele pode ser captado na segunda, e assim por diante.

A seleção natural é o relojoeiro cego, cego porque não prevê,
não planeja conseqüências, não tem propósito em vista. Mas os resultados
vivos da seleção natural nos deixam pasmos porque parecem ter sido
estruturados por um relojoeiro magistral, dando uma ilusão de desígnio e
planejamento. O propósito deste livro é resolver esse paradoxo de modo
satisfatório para o leitor, e o deste capítulo é deixá-lo ainda mais
pasmo com o poder dessa ilusão. Observaremos um exemplo particular e
concluiremos que, tratando-se de complexidade e beleza de design, o que
Paley viu não era nem o começo.
Podemos dizer que um corpo ou órgão vivo tem um bom design
quando possuí atributos que um engenheiro inteligente e capaz teria
inserido nele a fim de que cumprisse algum propósito significativo, como
voar, nadar, ver, alimentar-se, reproduzir-se ou, de um modo mais geral,
promover a sobrevivência e a replicação dos próprios genes. Não é
necessário supor que o design de um corpo ou órgão seja o melhor que um
engenheiro poderia conceber.

A seleção natural é o relojoeiro cego, cego porque não prevê,
não planeja conseqüências, não tem propósito em vista. Mas os resultados
vivos da seleção natural nos deixam pasmos porque parecem ter sido
estruturados por um relojoeiro magistral, dando uma ilusão de desígnio e
planejamento. O propósito deste livro é resolver esse paradoxo de modo
satisfatório para o leitor, e o deste capítulo é deixá-lo ainda mais
pasmo com o poder dessa ilusão. Observaremos um exemplo particular e
concluiremos que, tratando-se de complexidade e beleza de design, o que
Paley viu não era nem o começo.
Podemos dizer que um corpo ou órgão vivo tem um bom design
quando possuí atributos que um engenheiro inteligente e capaz teria
inserido nele a fim de que cumprisse algum propósito significativo, como
voar, nadar, ver, alimentar-se, reproduzir-se ou, de um modo mais geral,
promover a sobrevivência e a replicação dos próprios genes. Não é
necessário supor que o design de um corpo ou órgão seja o melhor que um
engenheiro poderia conceber.


Vimos como é esmagadoramente improvável que os seres vivos,
com seu primoroso "design", tenham surgido por acaso. Mas então como foi
que vieram a existir? A resposta a resposta de Darwin — é que ocorreram
transformações graduais, passo a passo, de um início simples, de
entidades primordiais suficientemente simples para terem surgido por
acaso. Cada mudança sucessiva no processo evolutivo gradual foi simples o
bastante, relativamente à mudança anterior, para ter acontecido por
acaso. Mas a seqüência integral dos passos cumulativos não constitui
absolutamente um processo aleatório, considerando a complexidade do
produto final em comparação com o ponto de partida original, O processo
cumulativo é dirigido pela sobrevivência não aleatória. Este capítulo
destina-se a demonstrar o poder dessa seleção cumulativa como um processo
fundamentalmente não aleatório.
Caminhando por uma praia pedregosa, podemos notar que as pedras
não estão dispostas a esmo. As menores tendem a ser encontradas em zonas
separadas, acompanhando a linha da praia, e as maiores em zonas ou faixas
diferentes. Essas pedras foram classificadas, organizadas, selecionadas.

A imensidão de ordem não aleatória que encontramos nos seres
vivos não pode ser explicada apenas por uma peneiragem assim tão simples.
Nem de longe. Lembremos a analogia da fechadura de combinação. O tipo de
não-aleatoriedade que pode ser gerado por uma peneiragem simples
equivale, aproximadamente, a abrir uma fechadura de combinação que só tem
um disco de segredo: é fácil abri-la por pura sorte. O tipo de nãoaleatoriedade que vemos nos sistemas vivos, por outro lado, equivale a
uma gigantesca fechadura de combinação com um número quase Incontável de
discos de segredo. Gerar por "peneiragem" simples uma molécula biológica




http://www.filoczar.com.br/Richard.Dawkins.O.Relojoeiro.Cego.pdf
Há cerca de 3 milhões de células ganglionares na “interface
eletrônica", reunindo dados de aproximadamente 125 milhões de foto
células.
Na parte inferior da figura, vemos a ampliação de uma única
fotocélula, o bastonete. Ao examinarmos a elaborada arquitetura interna
dessa célula, tenhamos em mente o fato de que toda essa complexidade se
repete 125 milhões de vezes em cada retina, e que uma complexidade
comparável se repete trilhões de vezes por todo o corpo. Esse número de
125 milhões de fotocélulas corresponde a 5 mil vezes o número de pontos
de resolução de uma foto em uma revista de boa qualidade. As membranas
dobradas à direita das fotocélulas na ilustração são as estruturas
realmente responsáveis pela detecção da luz. Sua conformação em camadas
aumenta a eficiência da fotocélula na captação de fótons, as partículas
fundamentais que compõem a luz. Se um fóton não é captado na primeira
membrana, ele pode ser captado na segunda, e assim por diante.

A seleção natural é o relojoeiro cego, cego porque não prevê,
não planeja conseqüências, não tem propósito em vista. Mas os resultados
vivos da seleção natural nos deixam pasmos porque parecem ter sido
estruturados por um relojoeiro magistral, dando uma ilusão de desígnio e
planejamento. O propósito deste livro é resolver esse paradoxo de modo
satisfatório para o leitor, e o deste capítulo é deixá-lo ainda mais
pasmo com o poder dessa ilusão. Observaremos um exemplo particular e
concluiremos que, tratando-se de complexidade e beleza de design, o que
Paley viu não era nem o começo.
Podemos dizer que um corpo ou órgão vivo tem um bom design
quando possuí atributos que um engenheiro inteligente e capaz teria
inserido nele a fim de que cumprisse algum propósito significativo, como
voar, nadar, ver, alimentar-se, reproduzir-se ou, de um modo mais geral,
promover a sobrevivência e a replicação dos próprios genes. Não é
necessário supor que o design de um corpo ou órgão seja o melhor que um
engenheiro poderia conceber.